30 de junho de 2012


Iúna para o século XXI

    
    Vivemos uma época de transição ou mudança cultural. Penso que é hora de olharmos para a Iúna do século XXI, reconhecendo os novos talentos, os novos costumes, as novas paisagens, o novo jeito de viver do iunense, mas respeitando a nossa história, as tradições, o folclore, destacando a identidade cultural, para o reconhecimento de nossas crianças, nossos jovens, população em geral, também dos municípios vizinhos e onde mais pudermos alcançar.
    As transformações a que assistimos no mundo também ocorrem em nossa casa, em nossa cidade. É pensando nelas que devemos estar ao buscar a nossa identidade cultural, partindo de onde a história de Iúna se fez e pensando onde seguirá, mantendo suas tradições, adaptando, criando, inovando e evoluindo para o futuro.
    O avanço das transformações tecnológicas reflete diretamente em nosso meio sócio-cultural. Percebemos nas famílias os debates sobre os antigos valores que hoje caíram em desuso, avós questionando e cobrando aos pais a educação dos netos, jovens assimilando a era digital, a globalização, mantendo um conhecimento limitado da identidade cultural de seu município, vivendo no interior, com referências urbanas ou globais, o que pode ser uma causa da ausência de afinidade ao lugar onde se vive, ou crise de identidade. Afirmo isso, pois há 17 anos leciono História e Geografia para adolescentes e jovens. Também sou mãe de dois adolescentes e presencio comportamentos que me conduzem a essa conclusão.
    Tenho observado como a falta de afinidade com o tema cultural, presente nos jovens, tem refletido no nosso dia a dia. Pense sobre as características que marcam a vida em comum no nosso município. A carência de unidade, de atitude, de perspectiva, de liderança, constante na população jovem e economicamente ativa dessa cidade. Pense nos destaques econômicos dos municípios vizinhos, envolvendo o empreendedorismo, o ecoturismo, o agroturismo, enquanto Iúna provida de alguns recursos, mantém-se num “quase” anonimato. Pense nas matérias de jornais e TV que insistem em divulgar apenas os fatos policiais de Iúna, pois são as notícias de maior ibope referente ao município, sempre induzindo a população a uma opinião deturpada pela mídia e por pessoas ignorantes, mantendo a indesejada fama de Iúna como terra de “matador”. Qual é o proveito disso? O que podemos esperar de crianças que crescem nesse meio? O que podemos fazer para tentar construir uma realidade diferente e mais promissora em nosso município?
    Deixar o governo conduzir essa situação é cômodo, mas governo não produz cultura; ele mantém instituições que devem reconhecer a cultura e garantir direitos de identidade e acesso. Quem produz cultura é o povo, de forma dinâmica, em que traços se perdem, outros se adicionam, na invenção ou introdução de novos conceitos, no intercâmbio cultural e nas descobertas inovadoras. Por isso, a cultura e a identidade cultural não devem ser pensadas como um patrimônio a ser preservado de forma imutável, engessada.
    As inovações têm chegado a Iúna por iniciativas particulares. A introdução de novas culturas, de novos empreendimentos, a sustentabilidade, a arte, a educação, a literatura, fotografia, música, enfim, essas iniciativas, mesmo isoladas, estão sim expandindo a cultura iunense. Mas é preciso ir além de iniciativas individualizadas para o povo iunense viver em um mundo globalizado, identificando-se, respeitando a cultura local e para que a cultura iunense ultrapasse as divisas municipais e estaduais. Se valorizamos nossa cultura, vamos unir nossas potencialidades para dar credibilidade e visibilidade a ela.  Precisamos da constituição de  grupos sociais focados nesse objetivo.
    Podemos, portanto, criar um grupo envolvendo pessoas de diferentes gerações e setores sociais, em que cada setor representado possa contribuir com propostas de projetos para serem discutidos e incorporados pelo grupo que fará o seu estudo e a execução. Devemos considerar que depende de todos nós a criação desse grupo; a atuação vai construir sua referência; o respeito mútuo, a união e a perseverança, vão garantir sua permanência, lembrando que esse é um longo caminho a percorrer, que se faz dia a dia, passo a passo, com determinação, paciência e trabalho.

Viná Garcia Silveira de Moraes.
Professora e Historiadora.   
Iúna, 26 de junho de 2012.

Um cordel para São Pedro
Nesse dia 29,
Venho aqui apresentar
O cordel que escrevi
Para São Pedro venerar.
Pedro que chamava Simão,
Era um simples pescador,
Que lá na Galiléia
Com Jesus se encontrou.
Em águas mais profundas
A sua rede lançou.
E a partir daquele dia
Pescador de homens se tornou.
Negou Jesus três vezes
Mas a multidão foi pregar
Atendendo ao pedido
Para as ovelhas apascentar.
No dia 29 de junho
Atiça a fogueira para comemorar
O protetor das viúvas e dos pescadores
Que o céu há de guardar.
Diz a tradição dos antigos
Que quando começa trovejar
É São Pedro que do céu
A chuva vai lançar.
Viva São Pedro!

Viná Garcia Silveira de Moraes
29/06/2012