9 de julho de 2013

O carro de bois brasileiro



4º Desfile do Carro de Boi de Iúna ES
06/07/2013
O carro de bois brasileiro, já celebrizado por Pedro Américo  na tela da independência, rústico, modesto, vagaroso, foi um dos fatores que muito concorreram para o progresso rural do Brasil. Primeiro veículo de transporte que a nossa terra possuiu, até a cerca de meio século atrás, o carro de bois era o transporte de rodas mais usado no meio rural, puxados por uma junta ou parelha, ou seja, dois animais (bois ou vacas) unidos pela canga. Quando uma junta não conseguia puxar a carga, juntava-se outra engatando um cambão (uma corrente que liga as cangas).

Proveniente do Neolítico, o carro de bois brasileiro é de origem romana. Na invasão da Península Ibérica pelos romanos ocorreu a  introdução do carro de bois nessa parte da Europa. Da região do Minho, norte de Portugal, tal veículo agrário depois de sofrer prováveis modificações, foi trazido para o Brasil pelos lusos no século do descobrimento. O primeiro governador-geral do Brasil, Tomé de Sousa, trouxe consigo carpinteiros e carreiros práticos, e em 1549, já se ouvia o “cantador” nas ruas da nascente cidade de Salvador.   Desde aquele tempo quase nada mudou em suas linhas gerais, salvo pequenas alterações de caráter regional, continua a ser o mesmo há quase 500 anos.

            Com o progresso e a construção de estradas, o eixo de madeira do carro foi substituído pelo de ferro. O eixo untado com azeite sempre que necessário,quando em atrito com o cocão ( duas peças de madeira), cria um chiado, uma cantilena. O típico cantar dos carros deu origem ao conhecido provérbio: “carro apertado é que canta”. 

O boi de carro é forte, musculoso e dócil. Dois são os seus condutores: o carreiro e o candeeiro. O primeiro caminha ao lado do carro, mantendo o ritmo vagaroso do andar dos bois. O segundo, geralmente um menino ou um rapaz, vai à frente da junta dianteira ou "da-guia", dando a direção da marcha.

De utilidade múltipla, além de ajudar no transporte de madeira, cana, açúcar entre outras mercadorias, o carro de bois também servia no transporte de mudanças e pessoas. Nas longas viagens pelo interior  os homens venciam as distâncias utilizando-se do cavalo ou do burro, e no carro conduziam os enfermos, velhos, senhoras e crianças.

Em meados do século XVIII,  com o aparecimento da tropa de burros, o carro de bois perdeu sua primazia. Mais leves e mais rápidos, os muares não exigiam trilhas prévias e terrenos regulares. No final do século, vieram os cavalos para puxar carros, carroças e carruagens, e o carro de bois foi proibido por lei de transitar no centro das cidades, ficando o seu uso restrito ao meio rural.

Texto: Viná Garcia Silveira de Moraes


CANGA


A canga emparelha o boi,
O boi leva a carga pesada,
Puxando pelas estradas,
Seu flagelo no estirão.
O homem conduz a carga,
Sentindo a canga apertada,
Sua vida amargurada,
Só a mente livre está.
A canga é fatigante,
Não deixa o homem respirar,
Mas quem pensa abranda a canga,
É pode dela se livrar.

(Viná Garcia Silveira de Moraes)

27 de abril de 2013

IúnaCult realiza evento unindo arte e gastronomia locais




Nesta sexta-feira (26), às 20h, o grupo IúnaCult realiza um novo evento para promoção da cultura local, o Nhoque Cultural, no Passione Restaurante, em Iúna-Irupi. O evento vai reunir gastronomia e arte, com apresentações de músicos da região, exposição de artesanato e performance artística. O prato da noite será o “Nhoque da Casa”, feito à base de mandioca ao molho bolonhesa. A iniciativa é aberta ao público.
“Este será nosso segundo evento deste ano e estamos realizando diversas outras ações para desenvolver e divulgar a arte da nossa região, que é tão rica de personagens, história e cultura, e que não pode ficar em segundo plano”, analisa a coordenadora do IúnaCult, Viná Silveira Moraes.
Durante a programação, os músicos iunenses apresentarão repertório diverso, que vão da MPB ao rock nacional e internacional dos anos 60 a 80. As artesãs da cidade vão expor peças em tricô, crochê, pintura em tecido, quadros, bonecas, peças em madeira, entre outros materiais característicos da região. A programação também conta com a participação do escritor Matusalém Dias de Moura e da escritora Aline Dias, que fará performance artística.
Sobre o IúnaCult
O grupo independente é formado por 15 integrantes das mais diversas manifestações de arte. São professores, historiadores, atores, músicos, jornalistas, fotógrafos e artistas plásticos, arquitetos e incentivadores que há pouco menos de um ano estão envolvidos no planejamento, apoio e realização de diversas ações para a promoção cultural no município.
Em março deste ano, o IúnaCult promoveu seu primeiro evento: o Choque Cultural, realizado no Espaço Café Lorena. O evento contou com a participação de mais de 100 pessoas, que puderam apreciar apresentações musicais, exposição de fotos e conferir performances de desenhistas ao vivo.
Agenda - Nhoque Cultural
Dia e horário: 26 de abril (sexta-feira), às 20h
Local: Passione Restaurante, próximo ao Lar dos Velhinhos do Caparaó, ES 185, Rodovia Mickeil Chequer, km 17, Iúna-Irupi.
Atrações: Apresentações musicais (MPB), exposição de artesanatos locais, noite de autógrafo.
Entrada gratuita

IúnaCult

IúnaCult é um grupo de artistas, professores, jornalistas, ambientalistas, e outros interessados em atuar na preservação e promoção da cultura da cidade de Iúna/ES. Somos novos e ainda estamos em fase de maturação. O grupo ainda não completou um ano de vida, e exatamente neste momento estamos dando um grande passo rumo à formalização das nossas ações.

A nossa motivação parte do reconhecimento dos talentos da arte, da pintura, do teatro, da literatura, da música, dos costumes, da história, das tradições e do folclore local, e o que queremos é que toda esta gama cultural seja reconhecida em meio a nossa população, das crianças aos adultos, abarcando também as regiões circunvizinhas, buscando a credibilidade e a visibilidade necessária a instituição da nossa identidade cultural.

Queremos também abrir uma janela ao mundo que nos cerca, para que Iúna possa ser inserida nos pensamentos, nas propostas e nos processos culturais de todo o país, e para que o Brasil também conheça um pouco dos nossos anseios, das nossas criações e do nosso desenvolvimento cultural. Acreditamos que a cultura e a identidade que dela provem não devem ser pensadas como um patrimônio a ser preservado de forma imutável, pois quem produz cultura é o povo, de forma dinâmica, onde traços se perdem e outros se adicionam, na invenção ou introdução de novos conceitos, no intercâmbio cultural e nas descobertas inovadoras.

Hoje as ações do grupo estão voltadas ao estabelecimento dos nossos objetivos, atuações e metas, Em março deste ano, o IúnaCult promoveu seu primeiro evento: o Choque Cultural, realizado no Espaço Café Lorena. O evento contou com a participação de mais de 100 pessoas, que puderam apreciar apresentações musicais,exposição de fotos e conferir performances de desenhistas ao vivo.

Até o momento, as iniciativas do IúnaCult são realizadas em espaços cedidos por empresários, que apoiam a causa. Mas o grupo, que planeja e executa seus planos de atuação, está em busca de apoios do poder público, seja ele municipal, estadual ou federal.

O grupo esteve reunido, participando da Audiência Pública no dia 17 de abril (2013) realizada em Alegre  pelo Governo do ES para discutir as prioridades de investimentos para a região do Caparaó. Como resultado da articulação do IúnaCult, entre os próprios integrantes e sua rede de relacionados na internet, conseguiu incluir a restauração da Casa da Cultura de Iúna como prioridade nesse orçamento. O espaço comemorará cem anos de construção em 2014 e merece uma comemoração à altura, com um novo espaço, seguro e atraente, para receber todas as expressões de arte iunense e seus cidadãos.

E o grupo foi além, propondo também a construção de um cine-teatro na cidade, para ser palco para apresentações de teatro, música e dança, e para exibição de filmes e documentários - local este inédito na região e que poderá atender aos municípios vizinhos, também carentes de opções de lazer e cultura. E essa proposta também foi aprovada como prioridade na Audiência pública.

Do prefeito de Iúna, Rogério Cruz o IúnaCult recebeu apoio para realização das duas obras. Agora, o grupo aguarda definições acerca dos próximos passos a serem orientados pelo governo e pela prefeitura, e principalmente, qual o interlocutor da administração local vai acompanhar de perto essas duas importantes conquistas.

São os nossos primeiros passos, mas cheios de vontade artística e cultural. Estamos ainda estabelecendo parcerias, mas acreditamos que a arte sempre encontra um caminho. Temos ciência de que o nosso trabalho precisa de público, que é a finalidade maior das nossas ações, e neste aspecto, a formação de público tanto internamente quanto externamente torna-se preponderante nesta caminhada. O grupo vislumbra um potencial enorme de atrações turísticas e culturais na região que ainda não foram exploradas, e acreditamos que este seja um ponto essencial de motivação e interesse por parte do público externo.

Este é o IúnaCult, muito prazer.


Atenciosamente
e assinando por todos,

Viná Garcia Silveira de Moraes
IúnaCult | coordenadora
vinagsm@gmail.com | 28 9886.1963

4 de abril de 2013

Restos mortais de Dom Pedro 1º são exumados para estudo na USP


Os restos mortais de Dom Pedro 1º e de suas duas mulheres, Dona Leopoldina e Dona Amélia, foram exumados para estudo de mestrado do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP (Universidade de São Paulo), pela primeira vez em 180 anos. Os corpos saíram do Parque da Independência, junto ao Museu do Ipiranga, em São Paulo.
Com os estudos de ressonância magnética e tomografias no Hospital das Clínicas, a arqueóloga Valdirene do Carmo Ambiel pôde descobrir que o imperador tinha quatro costelas fraturadas decorrentes de quedas de cavalo, o que teria inutilizado um de seus pulmões e pode ter agravado a tuberculose que o matou, em 1834, aos 36 anos. 
Outro fato curioso e desconhecido até então é que a imperatriz Amélia de Leuchetenberg, segunda mulher de d. Pedro 1º, foi mumificada. Ela morreu em Lisboa em 1876, e seus restos mortais, trazidos à cripta do Ipiranga em 1982, conservam pele e órgãos internos intactos. Cabelos, cílios, unhas, globos oculares e órgãos como o útero estão preservados.
As causas exatas da mumificação de Amélia ainda estão sendo investigadas - isso não era comum entre a nobreza de Portugal. "Pode ter sido um ‘acidente de percurso’. Ela foi tratada para ficar conservada alguns dias, para o funeral, e isso acabou inibindo o processo de decomposição", diz Valdirene. 
Os exames no Hospital das Clínicas revelaram uma incisão na jugular da imperatriz. Por ali, foram injetados aromáticos como cânfora e mirra. Outro fator que contribuiu foi o sepultamento.
"A urna foi tão hermeticamente lacrada que não havia micro-organismos para a decomposição. É irônico que tenha acontecido justamente com Amélia, que pediu expressamente um funeral simples, no qual não se costumava preparar os mortos", explica.
No testamento de Amélia de Leuchtenberg consta o pedido de um enterro sem ostentações. O documento, porém, só foi lido após o funeral, quando a mumificação já havia sido preparada.
O primeiro imperador do Brasil foi enterrado como general português, vestido com botas de cavalaria, medalha que reproduzia a constituição de Portugal e galões com formato da coroa do país ibérico. 
As análises desmentiram um fato que era tido até agora como verdade histórica. Dona Leopoldina não tinha nenhuma fratura no fêmur, enquanto há a história de que ela teria caído ou sido derrubada por Dom Pedro de uma escada no palácio da Quinta da Boa Vista.
As informações foram publicadas no jornal O Estado de S. Paulo desta segunda-feira (18).
Do UOL, em São Paulo
18/02/2013.

24 de março de 2013

SERRA DAS ESMERALDAS O Espírito Santo a dois passos do paraíso


SERRA DAS ESMERALDAS
O Espírito Santo a dois passos do paraíso
Esmeraldas. Esta é, com certeza, uma das palavras que melhor traduzem o sonho dos portugueses no Brasil nos primeiros séculos da colonização. Durante muitos anos uma diversidade de aventureiros, bandeirantes e sertanistas embrenhou-se pelo nosso sertão em busca de riquezas incontáveis que os aguardavam em algum lugar desconhecido. E, na rota dessa busca, estava a Capitania do Espírito Santo.
Relatos do primeiro século de colonização, provindos de índios e aventureiros portugueses, deram início à crença de que haveria riquezas no Brasil iguais às das minas de prata do Potosi, na América espanhola. A lendária proximidade entre o Potosi e o sertão brasileiro levou à crença no Sabarabuçu, uma Serra de Esmeraldas à espera dos portugueses. E graças ao contato dos sertanistas com os nativos, dos quais se obteve grande conhecimento nas longas expedições pelo sertão, foi possível realizar as entradas em busca de metais e pedras preciosas.
Um dos principais sertanistas foi Marcos de Azeredo, habitante da Capitania do Espírito Santo no início do século XVII. Azeredo encontrou algumas pedras verdes no sertão, as quais foram levadas para a Metrópole e animaram a corte portuguesa. Ele teria guardado o registro do itinerário seguido o que, transmitido adiante, serviu de roteiro para sertanistas das gerações seguintes.
Os mapas do Brasil seiscentista foram influenciados pelo conhecimento adquirido dos nativos, principalmente na representação do interior do continente, além de serem baseados nos diversos relatos enviados à Coroa sobre essas regiões, inclusive o de Marcos de Azeredo. Essas informações foram utilizadas pelos cartógrafos da Idade Moderna e criaram uma identidade visual para a Capitania do Espírito Santo. A lenda da Serra das Esmeraldas foi, assim, difundida e colocou o Espírito Santo entre as regiões mais cobiçadas da América colonial.
As crises econômicas também incentivaram as entradas de meados do século XVII, gerando um imenso interesse dos colonos pelas riquezas perdidas do sertão, e diversos conflitos políticos ocorreram entre os que disputavam as patentes das entradas. Mas o que levou as esmeraldas a ganharem tamanha importância? A grande quantidade de cristais de todas as cores de que davam conta nativos e aventureiros mudaria o interesse dos colonos, que inicialmente buscavam ouro e prata. Esses cristais, principalmente verdes, sugeriam a existência de maravilhosas riquezas perdidas, que poderiam ser encontradas, se procuradas da maneira certa.
O fascínio pelas esmeraldas também tem origem em tradições surgidas ainda na antiguidade e que se fortaleceram na Idade Média, relacionando as pedras verdes a temas religiosos como a castidade e a vida eterna. Essas crenças fariam com que Santo Agostinho identificasse esmeraldas nas margens de um dos rios que nascem no Éden, o Fison, nas suas descrições do paraíso terrestre.
A associação entre o Brasil e o Éden foi muito comum nos primeiros séculos da colonização da América portuguesa. Fortalecendo essas ideias, além dos relatos de indígenas sobre quantidades incontáveis de metais e pedras preciosas no sertão da América portuguesa, falava-se na existência de uma lagoa mítica, de onde saíam os principais rios do continente, que distribuíam essas riquezas pelo território brasileiro.
Apesar do aparente desejo de continuar acreditando na existência da Serra das Esmeraldas, com o passar das décadas os seguidos fracassos das buscas levariam à marginalização da lenda. Ela foi, porém, uma das lendas mais extraordinárias e duradouras do período colonial brasileiro, mesclando tradições indígenas e europeias, com reflexos na interiorização da colonização, estabelecimento de contato com tribos indígenas e aberturas de rotas pelo sertão.
A lenda também foi responsável pela aproximação de súditos da colônia com a Coroa. Marcos de Azeredo, por exemplo, recebeu por sua descoberta o hábito da Ordem de Cristo, que herdou os bens da Ordem Templária em Portugal. Esta era uma das maiores recompensas por serviço à Coroa naquele período.
Nessa época, diversos conflitos políticos ocorreram entre os que disputavam as patentes que davam permissão para as entradas ao sertão. Salvador Correia de Sá e Benevides, político influente na Coroa e membro do Conselho Ultramarino, assumiu em 1658 o governo da Repartição do Sul em, que envolvia Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e demais capitanias ao sul. Após o fim dos conflitos com os holandeses no nordeste, dedicou-se a encontrar a Serra das Esmeraldas, mas entrou em conflito com o governador da Repartição do Norte, que dizia ter direito sobre os territórios do Espírito Santo. A disputa era pelo direito às riquezas da região. Mesmo dedicando vários anos de sua vida a essa busca, Salvador não encontrou a Serra e as repartições se desfizeram em 1662.
Outros conflitos, como o que ocorreu entre o Capitão-mor José Gonçalves de Oliveira e o Donatário Francisco Gil de Araújo por toda a década de 1670, envolveram tantas camadas da administração imperial de Portugal que merecem destaque no estudo do império ultramarino português. O primeiro recebeu do Governador Geral do Brasil, na Bahia, a patente para realizar a jornada ao sertão. O segundo, que havia comprado a Capitania do Espírito Santo poucos anos antes, se sentiu no direito de realizar, ele próprio, a busca pelas esmeraldas. Com o apoio da Câmara de Vitória e do Governo Geral, Francisco Gil destituiu o adversário de seu cargo, mas José Gonçalves escreveu uma carta ao governo no Rio de Janeiro (um contrapeso ao governo na Bahia) e à Coroa, em Portugal.
A Coroa sempre utilizou o Conselho Ultramarino para tomar atitudes em seu império ultramarino e o Conselho decidiu a favor do Capitão-mor. Mas como garantir a execução dessas ordens, estando tão longe? Após anos de brigas e troca de cartas entre a administração imperial e a Coroa, Francisco Gil de Araújo realizou 14 entradas em busca das esmeraldas, segundo seu relatório de governo, sem qualquer resultado positivo.
Por fim, as grandes jazidas de ouro encontradas nesses territórios do interior do Brasil no final do século XVII obscureceram a crença nas esmeraldas. As descobertas mudaram, nos anos seguintes, a economia brasileira e portuguesa. Para o Espírito Santo, entretanto, essa mudança não foi muito positiva. Os territórios em que o ouro foi encontrado eram disputados por diferentes elites da América portuguesa, principalmente de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia.
A criação da Capitania de São Paulo e das Minas do Ouro, em 1709, veio como uma solução para a Guerra dos Emboabas (a famosa disputa pela região, entre paulistas e estrangeiros), e desmembrou definitivamente a região das minas gerais da Capitania do Espírito Santo, que ficaria limitada entre o litoral e uma região de floresta, ocupada por nativos contrários aos portugueses. O Espírito Santo perdeu, assim, a posse sobre as riquezas naturais, tão desejadas e disputadas durante o século anterior, e a maior parte de seu território para forças políticas vizinhas.
A Serra das Esmeraldas voltou a receber alguma importância ainda no início do século XVIII. Porém, com o passar dos anos e os constantes erros no descobrimento das pedras preciosas, ela foi lentamente abandonada. O desejo pelo fantástico moveu as expedições sertanistas por séculos, deu protagonismo ao Espírito Santo no período colonial, mas a Serra acabou por mergulhar em um esquecimento do qual saiu pouquíssimas vezes, até que seu brilho apagasse definitivamente.
Em razão da busca pela Serra das Esmeraldas, a Capitania do Espírito Santo pode ser considerada ponto importante na história das questões políticas e territoriais na América portuguesa. Por si mesmos e pelas forças presentes na América portuguesa, esses acontecimentos alteraram drasticamente o espaço e a história do Espírito Santo colonial, refletindo no que somos hoje.

Por Fábio Reis