Uma ossada encontrada na manhã do dia 05 de outubro, nas escavações da obra de uma sala do prédio antigo da escola Henrique Coutinho, modificou a rotina escolar.
A ossada estava soterrada a mais ou menos 50 centímetro de profundidade, o pedreiro, ao identificar os ossos nas escavações, chamou funcionários da escola e alunos para “juntar o achado" em um saco plástico.
A obra foi interrompida por um tempo até que fossem tomadas as medidas necessárias relacionadas à descoberta. No inicio surgiram dúvidas se os ossos seriam humanos ou de animal.
Em meio aos curiosos que se juntaram no local, observamos os ossos e decidimos levar em um ortopedista da cidade para análise, pois não temos arqueólogos e paleontólogos por aqui. Ao fazer uma observação superficial, o ortopedista não identificou como sendo ossos humanos.
A polícia já havia sido acionada, então, ao registrar a ocorrência, levaram os ossos para um veterinário analisar. O veterinário fez o laudo identificando como sendo de animal bovino.
Os ossos não estavam fossilizados, um osso enterrado não é a mesma coisa que um fóssil. Para se tornar um fóssil o osso precisa se tornar rocha. As partes orgânicas do osso, como as células sangüíneas, colágeno (uma proteína) e gordura, eventualmente, se decompõem. Mas as partes inorgânicas do osso, ou as partes compostas de minerais como o fosfato de cálcio, têm mais poder de permanência, essas substâncias não apodrecem. Elas permanecem após o desaparecimento dos materiais orgânicos, criando um mineral frágil e poroso no formato do osso original. Isso, porém, não significa que elas não sejam alteradas com o passar dos anos. "O que acontece com os ossos e os dentes é a substituição de um mineral por outro, ao longo do tempo", diz o fisiologista José Carlos de Freitas, da USP. O processo de fossilização demora milênios: no lugar do material original entram os minerais presentes no terreno onde estiver o cadáver.
O terreno onde foi fundada a escola em 1941 era um pasto, utilizado pela população da época para a criação de gado. Porém a questão sobre como a ossada foi encontrada, enterrada a poucos centímetros do chão, sob o piso de uma sala de aula construída há 70 anos, despertou curiosidade.
Conduzi alguns debates durante as aulas de história no Ensino Médio, algumas hipóteses foram mencionadas pelos alunos para o caso:
1- o animal morreu e foi enterrado em cova rasa;
2- o animal foi morto e desossado no pasto, a cabeça, por não ter sido encontrada, foi levada para ficar exposta em algum toco de cerca, como era de costume na época;
3- o animal morto foi abandonado no pasto e foi soterrado por detritos ao longo do tempo.
A descoberta trouxe-nos de volta o passado. O debate foi muito produtivo, os alunos contaram algumas lendas antigas da cidade, que ouviram de seus pais e avós, também questões relacionadas à história da cidade e da origem da escola foram lembradas, retratando assim a importância da História.
Viná Garcia S. de Moraes
Professora de História e Historiadora
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